PESSOA IDOSA – MEIA ENTRADA É POUCO

É boa esta coisa de pagar “meia”. Mas não basta. Para um consumidor classe média há mil e uma opções.

Mas pessoas idosas não tem acesso a bens culturais onde se paga “meia”.

No Brasil, existe cerca de 451 cidades com cinemas, o que representa 8% delas. Logo, em 5.119 municípios a “meia” não diz nada. Nada mesmo. Pois, se não tem cinema, não tem teatro. Não tem quase nada.

No Brasil, menos de 30% das pessoas com mais de 60 acessam equipamentos culturais. “Meia entrada” é pouco.

O Brasil acaba de conquistar a Lei Aldir Blanc de forma permanente. E aí vem a pergunta, que atividades culturais são aprovadas para as pessoas idosas? Ou as prefeituras vão bancar “bailinhos” apenas?

Em Taquara/RS foi aprovada verba desta Lei para levar o teatro para dentro das ILPIs.

Em Porto Alegre, há ações cidadãs dignas de nota. Lígia Canavezi carrega o pandeiro debaixo do braço como se portasse o escudo de sua armadura. Aos 77 anos, a secretária aposentada desfila pelos corredores do Centro Municipal de Educação dos Trabalhadores (CMET) Paulo Freire, em Porto Alegre (RS), com a rapidez e precisão de passos de quem tem compromissos inadiáveis. É voluntária.

O CMET é focado nos trabalhadores, muitos aposentados e idosos que vão em busca de seu “diploma” do Ensino fundamental e Médio.

O Estatuto da Pessoa Idosa (Lei nº 10.741/2003) traz avanços ao destinar um capítulo específico para a cultura, o esporte e o lazer. A legislação determina que “a pessoa idosa tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade” e que “as pessoas idosas participarão das comemorações de caráter cívico ou cultural, para transmissão de conhecimentos e vivências às demais gerações, no sentido da preservação da memória e da identidade culturais”, de forma a valorizar os saberes e fazeres culturais das pessoas idosas.

Num Brasil cada vez mais idoso, discutir o estilo de vida e as possibilidades para as pessoas de mais de 60 é indispensável.

O acesso à cultura para a pessoa idosa é uma forma de driblar o lugar comum de que a velhice se restringe a consultas médicas, remédios e cadeiras de balanço, um limbo onde impera a sabedoria da mente, mas cujo corpo é constantemente associado à fragilidade.

Bibliotecas de escolas devem estar abertas à população. Devem-se chamar idosos a “tomar” livros, levar para casa, ler e devolver. E ir em busca de bibliotecas públicas. Pessoas idosas parecem acessar a Darcy Azambuja em Guaíba, Leopoldo Boeck, em Porto Alegre.

Os sindicatos tem que ter o dever, seguindo a Constituição e o Estatuto da Pessoa Idosa, abrir Espaços para as Pessoas Idosas, ampliando e mudando seus Departamentos de Aposentados.

Memórias

Uma dica que estamos dando às Administrações que se crie um concurso ou uma simples Seleção de crônicas e memórias locais, como registro do que foi a cidade, pois muitos ajudaram a fazer as pequenas localidades. São essenciais para as pessoas se sentirem valorizadas pelo que fizerem, além de ficar como Memória para o todo o sempre.

Adeli Sell é professor, escritor e bacharel em Direito.

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